A importância que o tema hoje representa para a opinião pública e o alerta que a mesma está para a saúde pública, dá-nos a obrigação de ajudar neste assunto.
Embora não existindo uma legislação clara em Portugal, existe um documento de consulta de Boas Práticas, emitido pelo IPAC, através da sua comissão sectorial para a água, onde são descritas todas as acções e métodos a utilizar para a contenção de um problema de saúde pública.
As implicações não apenas para os funcionários da sua industria, também para a população em geral, como visto recentemente em Vila Franca de Xira, assim como para os intervenientes neste processo, denotam a necessidade de monitorização deste agente patogénico.
As bactérias do género Legionella encontram-se em ambientes aquáticos naturais e também em sistemas artificiais, como redes de abastecimento/distribuição de água, redes prediais de água quente e água fria, ar condicionado e sistemas de arrefecimento (torres de refrigeração, condensadores evaporativos e humidificadores) existentes em edifícios, nomeadamente em hotéis, termas, centros comerciais e hospitais. Surgem ainda em fontes ornamentais e tanques recreativos, como por exemplo jacuzzis.
São conhecidas cerca de 47 espécies de Legionella sendo a Legionella pneumophila reconhecida como a mais patogénica.
A exposição a esta bactéria pode provocar uma infecção respiratória, actualmente conhecida por Doença dos Legionários, assim chamada porque a seguir à Convenção da Legião Americana em 1976, no hotel Bellevue Stratford, Filadélfia, 34 participantes morreram e 221 adoeceram com pneumonia.
A infecção transmite-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada, aerossóis, de dimensões tão pequenas que veiculam a bactéria para os pulmões, possibilitando a sua deposição nos alvéolos pulmonares. A ingestão da bactéria não provoca infecção, nem se verifica o contágio de pessoa para pessoa.
A doença atinge em especial adultos, entre os 40 e 70 anos de idade, com maior incidência nos homens. Os fumadores, pessoas com problemas respiratórios crónicos, doentes renais e de um modo geral imuno-deprimidos têm maior probabilidade de contrair esta doença.
Factores que favorecem o aparecimento da bactéria
Existem determinados factores que favorecem o desenvolvimento da bactéria, nomeadamente:
- Temperatura da água entre 20°C e 45°C, sendo a óptima entre os 35ºC e 45ºC;
- pH entre 5 e 8;
- Humidade relativa superior a 60%;
- Zonas de reduzida circulação de água (reservatórios de água, torres de arrefecimento, tubagens de redes prediais, pontos de extremidade das redes pouco utilizadas, etc);
- Presença de outros organismos (e.g. algas, amibas, protozoários) em águas não tratadas ou com tratamento deficiente;
- Existência de um bio-filme nas superfícies em contacto com a água;
- Processos de corrosão ou incrustação;
- Utilização de materiais porosos e de derivados de silicone nas redes prediais, que potenciam o crescimento bacteriano.
Cuide dos seus. Cuide de todos nós.